terça-feira, 7 de abril de 2009

Ferramentas que se acrescentam

Por Ana Elisa Arnold
É fato que a crescente inovação tecnológica nos meios de comunicação intensifica a tendência de se mesclar as diversas mídias. No caso do jornalismo online, este se configura como um espaço de maior interação e formas de se consumir notícia. Este meio de se produzir informação jornalística ainda perde para os outros meios de comunicação, mas tem um fator muito positivo, que são a várias ferramentas que a internet oferece. Porém, para traçar o diferencial no que se refere ao interesse do público, os veículos online devem saber explorar esses recursos de forma que se adaptem ao leitor atual que, apesar de ter acelerado em muito o ritmo de vida, está cada vez mais sedento por informação.
Para ilustrar esse quadro, podemos apontar três sites de grande visibilidade:
O Globo Online, Uol Notícias e The New York Times. Observando esses três veículos online, no que se refere a alguns elementos principais, como hipertexto, multimídia, navegabilidade e interatividade, pode-se perceber quando alguns desses recursos surtem efeitos positivos ou negativos, dependendo da maneira como são usados.

Hipertexto de mais ou de menos? Faz diferença?

Aqui vamos perceber que quantidade não é sinônimo nem de qualidade e nem da falta dela. No que se refere à quantidade de hipertextos, O Globo Online é o que mais possui esse tipo de ferramenta inserida na notícia, diferentemente do Uol Notícias, que possui quase nenhum hipertexto dentro da matéria. Já com relação ao The New York Times, pode-se considerar que este tem um número mediano dessa ferramenta no texto. Porém, a questão aqui é que não é a quantidade que vai definir se o site faz ou não bom uso da ferramenta, mas sim, a forma como eles a apresentam e a exploram. É interessante observar que cada um desses três sites tem sua particularidade no que se refere ao hipertexo. Em cada um, essa ferramenta parece ter um fim diferente, justamente por conta do modo como são usadas. O Uol, por exemplo, costuma usar hiperlinks mais genéricos ao final das matérias (“Leia mais notícias sobre o assunto x”). Há sim palavras e frases em forma de links ao longo das notícias que dão acessos a outras notícias, mas muito pouco. O NYT faz um uso bem interessante do hipertexto, mas de forma mais geral também, como o Uol. A diferença é que esse site procura usar o hipertexto em determinados nomes específicos (pessoas, órgãos...) ao longo do texto, de forma que o leitor, ao clicar, não irá para outra notícia, mas sim, saberá tudo sobre aquele nome em notícias. No Globo Online a ferramenta é explorada de forma intensa ao longo do texto, sendo que mais em frases do que em palavras. Ao clicar nelas, o leitor é levado à notícias referentes àquele assunto e não apenas ao fato em si ou a um nome.
É complexo dizer quais desses modos de utilização do hipertexto dispersa mais o leitor, porque cada um tem um jeito particular de assimilação do conteúdo. Vejamos o caso do Globo Online. Se por um lado o leitor tem acesso a todas as notícias referentes àquele assunto ou que englobam o mesmo, por outro, pode acabar fazendo com que alguns leitores se esqueçam de qual matéria estavam lendo inicialmente. Mas não são todos que se perdem. Há aqueles que conseguem consumir todas as informações. Pode até ser que, talvez, o leitor tenha menos risco de dispersão no site do NYT e do Uol, já que seus hiperlinks são usados de maneira mais genérica, mas isso é muito relativo e particular.

Multimídia inteligente

O site do NYT é o que mais se destaca no uso das várias mídias (vídeos, podcasts, gráficos...) no que se refere à eficiência. Porém, em vez de inserí-las no texto, como muitas vezes o Globo Online faz, o site americano os reúne, quando necessário, em um pequeno espaço ao lado da matéria, como uma espécie de resumo. A vantagem de usar as mídias assim é que o veículo leva mais informação ao leitor, sem interrompê-lo, pois, quando estas vem no meio do texto, se o leitor não resistir à, digamos assim, “curiosidade” em saber mais sobre aquele tema, vai acabar partindo para outra informação, sem ter terminado de ler a primeira. O Uol não “peca” neste sentido, pois não costuma inserir as mídias nas matérias, reservando uma sessão exclusiva para a multimídia. O Globo Online também possui uma canal exclusivo para ela, mas também a utiliza, como foi dito, dentro do texto também.

De janela em janela a gente chega lá...

O site que possui a navegabilidade mais fragmentada, se assim podemos dizer, é o da Uol. Quando o leitor clica na sessão de Economia ou Ciência e Saúde, por exemplo, é surpreendido por uma nova janela que se abre com novas sessões relacionadas (Cotações, Finanças, Bem-estar...) que, muitas vezes, dão acesso a outras janelas e assim vai. Isso acaba se revelando como um ponto negativo, pois o internauta pode se cansar e, ainda, sentir-se perdido diante de tantas janelas que se abrem a sua frente, assim como se sente quando se encontra diante de vários hipertextos que o levam a outras notícias, e outras, e outras, com novos hipertextos. No Globo Online, a navegabilidade já é mais contínua e fácil. O leitor acha rapidamente o que quer ler. No entanto, as notícias ficam um pouco “quebradas” quando o jornalista exagera nos hipertextos ou nas mídias inseridas no mesmo. Quanto ao NYT, este, mais uma vez, se destaca de forma positiva e integral no que se refere à navegabilidade. As notícias estão lá e pronto, sem serem “quebradas” por inúmeros links ou janelas. O leitor sente-se mais à vontade e não perdido em qual informação ler. Outro fator interessante neste site é que algumas matérias são postadas de forma que apenas a parte com as informações principais ficam visíveis. Logo abaixo há um link “ler mais”, em que o leitor tem a opção de ler toda a matéria ou ir para outra informação, já que consumiu a parte principal da notícia. Isso acaba por colocar abaixo a teoria de que o texto na internet tem que ser curto. Aí está uma boa forma de facilitar a navegabilidade e de completar a informação. É o leitor quem escolhe.

Na onda da interação

Desta vez, quem se destaca é site da Uol e do Globo Online. O primeiro possui um canal só para discussões de alguns assuntos. Há também o “bate-papo uol”, em que o leitor pode discutir assuntos online. Já no site do O Globo o leitor encontra um espaço para escrever notas e comentar sobre as matérias, bem como um espaço para produzir notícias e recomendar assuntos no “Eu-repórter”. Nesta sessão, o internauta pode enviar fotos, vídeos e textos. No NYT não há muito espaço para se comentar matérias, senão nas colunas, limitando os leitores na interação, o que pode soar como um ponto negativo, uma vez que trata-se de jornalismo online, cujo um dos diferenciais é exatamente a possibilidade de maior interação entre veículo e espectador.


Nenhum comentário:

Postar um comentário